História da Aplicação das Tecnologias na Educação

Quando o assunto é a utilização da tecnologia na educação, é comum a maioria das pessoas pensar que tal tópico esteja limitado à introdução dos computadores e dispositivos correlatos nas salas de aula e, dessa forma, imagine se tratar de algo relativamente recente. Entretanto, embora o uso das TICS – Tecnologias da Informação e Comunicação seja o exemplo mais conhecido atualmente, a tecnologia, por meio de suas outras facetas, tem sido uma importante aliada na educação há muito tempo, como veremos a seguir. Mas, antes, uma pergunta inicial precisa ser respondida: afinal, o que é tecnologia?

O conceito de tecnologia

Definir o que é tecnologia é uma tarefa um tanto árdua, visto que, ao longo da história, diversos estudiosos conceberam diferentes conceitos, embasados em teorias, por vezes, divergentes, dentro dos mais distintos contextos histórico-sociais. (1)

A palavra tecnologia, composta pelos termos tecno, do grego techné (saber fazer), e logia, do grego logus (razão), pode ser traduzida como “a razão do saber fazer”; em outras palavras, é o estudo da técnica. Observa-se, pela análise etimológica, que é possível derivar uma infinidade de possíveis significados para a palavra, indo muito além do sinônimo de ferramenta, englobando interpretações como conjunto de métodos, técnicas, processos ou procedimentos, por exemplo. (2)

Entretanto, de forma a delimitar nosso escopo, para a finalidade da presente publicação, adotaremos a concepção mais arraigada no cotidiano, que é a instrumentalista: aqui, a tecnologia é entendida como sinônimo de ferramenta.

Agora que estabelecemos os limites da discussão, podemos iniciar nossa viagem nos registros da historiografia ocidental, observando alguns exemplos do uso dessas ferramentas aplicadas ao ensino.

Exemplos de tecnologias aplicadas à educação ao longo da história

Registros mostram que as sociedades humanas, desde a Antiguidade, já faziam uso da escrita em tábuas de argila, em pergaminhos ou em papiros, com finalidade didática, numa das demonstrações mais antigas do uso da tecnologia como apoio à educação que se tem conhecimento. Avançando na linha do tempo, no século XV, com o advento da prensa móvel com blocos metálicos, houve uma popularização dos livros (3), que não tardariam a ser incorporados como mais uma tecnologia de apoio ao ensino, ainda que, nessa época, fossem limitados a uma fração ínfima da sociedade.

Entre os séculos XVI e XVIII, o hornbook (em tradução literal, “livro de chifre”), foi comumente utilizado na Inglaterra e nas colônias inglesas no continente americano como um meio para auxiliar na educação. Tal ferramenta consistia em uma estrutura plana de madeira, com formato similar a uma raquete de tênis, sobre a qual era colado ou pregado um pergaminho (posteriormente, passou-se a utilizar papel) que continha o alfabeto, as sílabas, a oração do “Pai-Nosso” e os numerais romanos. Sobre esse pergaminho ou papel, era aplicada uma fina lâmina de chifre transparente (daí o nome do objeto), com o objetivo de protegê-lo do desgaste e da umidade. (4)

Réplica de um hornbook
Réplica de um hornbook (5)

Já no final do século XIX, mais especificamente por volta de 1870, nos Estados Unidos, houve a introdução da magic lantern (em tradução literal, “lanterna mágica”), uma versão primitiva dos projetores de slides, que projetava imagens impressas, geralmente, em placas de vidro. Pouco tempo depois, foram introduzidos ao ambiente escolar duas ferramentas que, até hoje, estão presentes em muitas salas de aula ao redor do mundo: o quadro negro, em 1890, e o lápis, em 1900.

Exemplar de uma magic lantern
Exemplar de uma magic lantern (6)

Com a chegada do século XX, o ritmo de introdução de novas tecnologias como meios de apoio à educação se intensifica fortemente: na década de 1920, chega às salas de aula estadunidenses o rádio; em 1940, a caneta esferográfica; em 1959, a fotocopiadora; e, por fim, em 1972, a calculadora portátil. (7)

Falando, especificamente, do exemplo brasileiro, a partir da década de 1970 já se registram as primeiras experiências envolvendo o uso de computadores como ferramentas educacionais, embora limitadas às universidades, principalmente federais. Somente em 1997, com a elaboração, por parte do Ministério da Educação (MEC), da primeira versão do PROINFO – Programa Nacional de Informática na Educação, o Brasil passa a ter uma política de informatização educativa, de forma a introduzir essa tecnologia ao ciclo básico da rede pública de ensino. (8)

Essa política, que continua em vigor até hoje, aliada à popularização dos computadores ao longo dos anos seguintes, acabou culminando no cenário atual, no qual vemos, mesmo que com graus de penetração diferentes, reflexo das desigualdades regionais brasileiras ainda pendentes de solução, uma presença cada vez maior dos microcomputadores e dos tablets, conectados à internet e, agora, assistidos por inteligência artificial (IA), dentro das escolas brasileiras.

Conclusão

Como foi possível observar nesta breve publicação, a tecnologia e a educação andam juntas desde os primórdios da humanidade.

Com a recente popularização da inteligência artificial generativa e as experimentações iniciais envolvendo o seu uso na educação, nota-se que o ritmo de introdução de ferramentas mais sofisticadas tende a ser cada vez mais frenético, gerando não apenas novos desafios, mas também, se bem utilizadas, novas oportunidades às equipes que atuam na nobre tarefa de educar.

Referências

 

1 – https://ojs.letras.up.pt/index.php/prismacom/article/download/2078/1913

2 – https://www.ambersistemas.com.br/historia-da-tecnologia-na-educacao/

3 – https://www.summaryplanet.com/summary/History-of-Textbook.html

4 – https://www.britannica.com/topic/hornbook

5 – https://www.hbook.com/story/called-horn-book

6 – https://www.magiclanternsociety.org/about-magic-lanterns/

7 – https://education.purdue.edu/2024/01/the-evolution-of-technology-in-the-classroom/

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