Conhecer e ensinar: a iniciativa de busca ativa do público EJA em Forquilhinha-SC

O Projeto

O município de Forquilhinha, na região carbonífera do estado de Santa Catarina, deu início ao projeto Conhecer e Ensinar, voltado para a busca ativa do público EJA em todo seu território. A iniciativa é pioneira na região, e busca melhorar o entendimento sobre o perfil da população que não concluiu a educação básica.

O projeto foi elaborado no âmbito do Forquilhinha Educadora, um projeto guarda-chuva que é resultado de acordo de cooperação firmado entre Prefeitura Municipal de Forquilhinha e o Instituto INPAR, visando maior integração da educação com os espaços da cidade, ampliação de serviços, melhora da qualidade e maior reconhecimento da importância da educação pública.

O projeto Conhecer e Ensinar consiste em um verdadeiro raio-X da população, por meio da mobilização, sensibilização e capacitação de mais de 50 profissionais Agentes Comunitários de Saúde – ACS, que atuaram diretamente na coleta de dados, indo de casa em casa, em todos os bairros e comunidades do município. Batendo de porta em porta e aplicando um questionário eletrônico elaborado e validado para essa pesquisa, a coleta de dados foi realizada em duas etapas, uma piloto de uma semana, e a principal, com um mês de duração.

O alcance desse projeto evidencia um dos pilares da atenção integral ao cidadão, a integração de políticas públicas. A coordenação desse projeto coube à Secretaria de Educação conjuntamente com o INPAR, mas a operacionalização só foi possível pela ativa participação da Secretaria de Saúde, visto que o SUS é a política pública mais capilarizada no país, e sem a participação da coordenação municipal de atenção básica, das enfermeiras nas unidades básicas, e principalmente dos ACS, essa coleta teria tido um custo elevado, o que poderia inviabilizar o projeto.

Relevância

O objetivo fundamental desta iniciativa é identificar quem são as pessoas que não concluíram a educação básica, público da Educação de Jovens e Adultos – EJA, ou porque não dizer, os públicos. Públicos, porque é preciso reconhecer que há distintas realidades e desafios, afinal, uma pessoa idosa que não foi alfabetizada tem necessidades e objetivos distintos de um jovem de 20 anos que abandonou a sala de aula no último ano do ensino médio, e essa pesquisa identifica essas e outras variáveis que compõem a realidade de cada uma dessas pessoas.

Pensar a EJA é, em todos os sentidos, reconhecer a existência de distintas realidades. Reconhecer que nem sempre a existência de vagas escolares na fase em que o ensino é previsto, será o suficiente na vida de algumas pessoas, seja por necessidade de trabalhar na adolescência, ou outro fator, dentre os tantos que afastam muitos das escolas.

A baixa taxa de escolarização, mais do que um indicador negativo para um município, consiste em verdadeira barreira para a progressão individual, com impacto no acesso a direitos, a bons postos de trabalho e mesmo na autoestima, além de afetar a produtividade e capacidade de crescimento econômico de cidades, estados e do país. Por fim, é preciso reconhecer que a qualidade de vida em uma sociedade não se avalia somente pela média, mas também pelos acessos e oportunidades ofertadas aos que menos possuem.

Após a apuração dos resultados identificados, o projeto avança para outra etapa em que serão propostas medidas para alcançar esses públicos, adequar a oferta à realidade do público e também buscar parceiros para fortalecer a oferta. Um exemplo dessa possibilidade é a identificação do maior interesse pelo estudo EJA integrado com o profissionalizante, o que pode ser ofertado por meio de parcerias com entidades sem fins lucrativos, com o Sistema S ou com a mobilização de empresas para criação de novas turmas que incluam familiares de funcionários.

Resultados

Ao todo foram identificadas 1934 pessoas que não concluíram a educação básica no município, o que representa pouco mais de 7,8% do município, se considerarmos apenas a população com 15 anos ou mais, idade de corte do EJA.

A análise dos dados revela uma distribuição etária diversificada, com maior incidência na faixa etária de 36 a 59 anos, com um total de 755 pessoas. As faixas de 19 a 35 anos e de 60 anos ou mais também têm participação significativa, havendo 459 pessoas na primeira e 453 na última.

A parcela das pessoas entre 15 e 18 anos é composta por 24 pessoas apenas, o que pode viabilizar uma estratégia específica e focada nesses jovens

Com relação ao recorte de gênero, 57,6% sexo feminino, e a predominância feminina se dá em todas as faixas etárias, com exceção do público entre 15 e 18 anos, em que há empate.

Há muitas outras informações disponíveis a partir dessa pesquisa. O formulário foi composto por 23 perguntas, o que gera a possibilidade de variados cruzamentos de variáveis para a identificação de perfis, e construção de inferências que podem ajudar a alcançar o público e construir políticas públicas exitosas.

A planilha com os resultados pode ser baixada na página da Secretaria de Educação.

Além da planilha, também foi elaborado um relatório com dados do projeto, bem como, com a análise de algumas variáveis de destaque. Se você ficou interessado e quer saber um pouco mais sobre a execução desse projeto e os resultados encontrados, o relatório pode ser baixado gratuitamente neste link.

 

VEJA TAMBÉM: O Pacto Pela Valorização do EJA e os desafios em Santa Catarina.

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