Você pode ainda não ter ouvido falar em alfabetização midiática, mas com certeza já ouviu falar em fake news ou conhece alguém que já caiu em um golpe na internet, não é?
Pois bem, a alfabetização midiática é uma das possíveis alternativas contra esses e outros problemas do mundo digital e é a aposta do país Finlândia para uma vida digital mais segura.
A Finlândia introduziu a “Alfabetização Midiática” no currículo escolar, e com isso, a partir da pré-escola, as crianças aprendem a avaliar conteúdos que circulam nas redes e na internet como um todo. Não por acaso, o país se destacou nos últimos anos como líder mundial no combate à desinformação.
Mas o que é “Alfabetização Midiática”?
De acordo com definição do órgão regulador da mídia do Reino Unido, a alfabetização midiática trata-se de habilidades no acesso, entendimento e criação de comunicação em diversos contextos (Spinelli; Santos, 2020).
De acordo com a pesquisa “TIC Kids Online Brasil” “Em 2023, cerca de 25 milhões de indivíduos de 9 a 17 anos eram usuários de Internet no Brasil, quase a totalidade de crianças e adolescentes na faixa etária investigada (95%)” (CGI, 2024, p. 27) sendo que 38% acessaram exclusivamente por meio do celular.
Com a ampliação da facilidade de acesso a Internet, possibilitada pelos aparelhos celulares, usuários de todas as faixas etárias têm acesso aos mais variados conteúdos disponíveis nas redes, ampliando seu poder de conhecimento, tanto para assuntos benéficos, quanto para questões potencialmente prejudiciais.
Quais os benefícios de uma possível implementação da alfabetização midiática no currículo das escolas brasileiras ?
Implementar a alfabetização midiática nas escolas brasileiras pode trazer benefícios significativos. Além de preparar os alunos para um consumo mais crítico de informações, possivelmente ajudará a desenvolver habilidades essenciais para o século XXI, como competências digitais, pensamento crítico, resolução de problemas e cidadania digital.
Desafios e Soluções
Um dos maiores desafios dessa proposta é a formação dos professores, que precisam estar preparados para ensinar esses novos conteúdos. Além disso, seria necessário adaptar os currículos escolares e investir em tecnologias que facilitem o ensino da alfabetização midiática. Programas de capacitação e parcerias com instituições de ensino superior para ações de extensão poderiam ser soluções viáveis.
Outro grande desafio é a capacidade de interpretação de texto dos alunos, pois a alfabetização midiática é, ao menos em parte, a aplicação das técnicas e saberes de interpretação ao ambiente digital, e de acordo com o PISA 2022 (OCDE, 2022), metade dos estudantes brasileiros chega aos 15 anos sem alcançar o nível básico de leitura, ou seja, incapazes de interpretar, entre outras limitações.
Por outro lado, a alfabetização midiática pode ser uma aliada dos professores de português e literatura se utilizada como componente de fortalecimento dos roteiros de aprendizado dos alunos. O interesse dos jovens nos temas que circulam nas redes pode ser um caminho para o aumento do interesse e melhores resultados do ensino nessa área.
REFERÊNCIAS
SPINELLI, Egle Müller. SANTOS, Jessica de Almeida. Alfabetização Midiática na era da desinformação. ECCOM, v. 11, n. 21, jan./jun. 2020. Disponível em: https://www.researchgate.net/profile/Egle-Spinelli/publication/343344906_Alfabetizacao_Midiatica_na_era_da_desinformacao/links/5f242d08a6fdcccc439c7fa6/Alfabetizacao-Midiatica-na-era-da-desinformacao.pdf.
CGI – Comitê Gestor da Internet no Brasil. Pesquisa TIC Kids Online Brasil 2023: crianças e adolescentes na internet. São Paulo: Comitê Gestor da Internet no Brasil, 2024. Arquivo Eletrônico. Disponível em: https://cetic.br/media/docs/publicacoes/2/20241104103339/tic_kids_online_2023_livro_eletronico.pdf.
ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT (OECD). PISA 2022 quadro conceptual de matemática. OECD Publishing. 2022. Disponível em: https://pisa2022-maths.oecd.org/pt/index.html.